História da Ordem

Os mosteiros basilianos têm sua origem a partir da pessoa de São Basílio Magno (329-379), bispo e doutor da Igreja, um dos mais destacados Padres da Igreja Oriental. Ainda hoje, as suas Regras (Extensas e Breves), a par de outros escritos ascéticos, constituem o fundamento da Constituição da Ordem, ainda que no decorrer de sua milenar história o modo de vida dos monges basilianos sofreu determinadas mudanças. Aos mais conhecidos reformadores da vida brasiliana pertencem: São Teodoro Studita (760-826), São Teodoro das Cavernas (+1074), São Josafat Kuntsevytch (1580-1623), junto com o metropolita de Kiev, José Veliamyn Rutskey (1574-1637).

          A vida monástica, na sua típica forma oriental, tem suas raízes nos primeiros tempos do cristianismo. Mas, indubitavelmente, a influência maior sobre o desenvolvimento dessa vida tiveram Santo Antonio das Cavernas (+1073) e seu discípulo, São Teodósio das Cavernas (+1074).

          Grande papel o desenvolvimento da vida brasiliana na Metropolia de Kyiv tiveram o metropolita de Kiev, José Veliamyn Rutskyy e São Josafat Kuntsevytch, os quais no início do século XVII levaram a cabo uma radical reforma da vida monástica daquele tempo, impondo-lhe a estrutura das Ordens hodiernas, e instaurando a centralização dos seus mosteiros.

          No primeiro Capítulo da Ordem, realizado no ano de 1617 em Novhorodetchi (Bielorússia) cinco mosteiros sob a direção do metropolita Rutskey foram reunidos, criando assim a “Congregação da Santíssima Trindade”. O metropolita conferiu aos religiosos as suas “Regras Comuns de São Basílio Magno” e as “Regras Particulares”. Nesse primeiro Capítulo foram elaboradas também as “Constituições Capitulares”. Assim surgiu a nova Ordem unificada sob a direção do protoarquimandrita. Era desejo de Rutskey de, por meio da renovação da vida religiosa, renovar a Igreja Oriental. O modelo de santidade veio a ser São Josafat, que no ano de 1623, com o seu sangue de mártir firmou e consolidou a recém-fundada Ordem Basiliana.

          No ano de 1739, em consequência da reunificação dos mosteiros na Ucrânia Ocidental, que aderiram à União católica e tinham seu vetusto modo de vida oriental, foi constituída a “Congregação Basiliana da Proteção da Mãe dee Deus. Por determinação do Papa Bento XIV, no ano de 1740, as duas Congregações reuniram-se, no ano de 1743, para o Capítulo de Dubno e formalizaram a sua unificação na “Ordem Rutena de São Basílio Magno”. A Congregação da Santíssima Trindade contava então com 66 mosteiros e 445 religiosos, e a Congrega da Proteção com 129 mosteiros e 700 religiosos.

          No limiar do ano de 1772, na Ucrânia Ocidental, Podília, Volynia, Pidlaschia, Kholm, na Lituânia e Bielorússia havia 202 mosteiros basilianos, no qual serviam a Deus mais de 1000 religiosos. Os basilianos fundaram seminários (em Volodymyr da Volynia, Sverzhni, Kholm, Radomysl, Zhytomyr, Vílnius), possuíam mais de 20 colégios e escolas próprias (em Bar, onde estudavam 800 alnos, em Uman 700 alunos, em Ovritch 400, e também em Kaniv, Volodymyr da Volýnia, em Ostroh e em outras localidades). Após a proibição da atuação dos jesuítas na Polônia, os basilianos assumiram suas escolas, fato que demonstra o nível e as potencialidades daquela “era de ouro” da Ordem. A Ordem possuía gráficas em Vílnius, Suprasl, Univ, e a melhor de todas em Potchaiv. Potchaiv era também um grande centro de peregrinação. Até o ano de 1839, da Ordem Basiliana procederam quase todos os metropolitas de Kiev (16 de 17), em torno de 60 bispos e muitos de seus auxiliares.

          No ano de 1780, a Ordem foi dividida em 4 Províncias: a Santíssima Trindade (da Lituânia), da Proteção de Nossa Senhora (ucraniana ou polonesa), de São Nicolau (da Bielorússia) e do Santíssimo Salvador (da Halytchyná). No entanto, em consequência de nefastas circunstâncias políticas após o ano de 1795, quando os mosteiros de três Províncias passaram sob o domínio da Rússia, a vida religiosa até o ano de 1839 foi total e definitivamente liquidada. Centenas de religiosos foram levados à prisão ou deportados paras as regiões remotas da Rússia, outros foram desbaratados ou levados à força para os mosteiros russos (ortodoxos). Não sem dificuldades, a Ordem sobreviveu no território do império austríaco, onde em consequências de reformas políticas em 1882, restaram somente 14 mosteiros com 60 religiosos.

          No entanto, a Providência Divina dispôs o renascimento da vida religiosa e também o renascimento da nossa Igreja. No ano de 1882, o padre Clemente Sarnytskey, superior provincial da Província do Santíssimo Salvador, dirige-se ao santo Padre Lerão XIII para que permitisse que religiosos da Companhia de Jesus perfizessem uma reforma da Ordem Basiliana. No dia 12 de maio de 1882, o Papa Leão XIII expedia a carta apostólica Singulare praesidium, na qual expôs o plano de reforma que entrou na história sob o nome de “Reforma de Dobromyl”, em referência à denominação do mosteiro no qual ela foi efetivada. A Reforma foi finalizada em 1904. Trabalharam nela 47 jesuítas.

          Após a reforma, os basilianos puderam novamente desenvolver uma ampla atividade no campo da pregação de missões, retiros, da pastoral e imprensa, como também da produção literária e científica. Cabe mencionar aqui os eminentes personagens da Ordem e da Igreja: o metropolita Andrey Scheptetskey, os bispos beato Josafat Kotselovskey, beato Paulo Goidytch, Josafat Fedryk; os padres Platonid Filas, Jeremias Lomnytskey, Dionísio Tkatchuk, Melécio Lontchyna, Lázaro Berezovskey, Juliano Datsij, Paulo Teodorovytch, Josafat Skruten, Romão Lukan, André Trukh e muitos outros.

          Ainda, nos tempos da Reforma de Dobromyl (final do século XIX – início do século XX) surgiu a necessidade do serviço pastoral na diáspora. A esses países dirigiram-se então os basilianos reformados: para o Brasil (em 1897, Pe. Silvestre Kizema), para o Canadá (em 1902, os padres Platonid Filas, Sozonte Dydyk e Antonio Strotskey); para os Estados Unidos da América (1907 – bispo Soter Ortynskey e o Pe. Valdomiro Stekh). Logo a seguir vieram outros religiosos basilianos. Antes de 1939, surgiram novas províncias, afora Halytchyná: a de São Nicolau que abrangia a Ucrânia Transcarpática, Hungria e Iugoslávia, a Província americana-canadense, vice-província de São José no Brasil, e na Romênia. A Província do Santíssimo Salvador contava com 278 religiosos (123 sacerdotes, 104 estudantes seminaristas e 151 irmãos). A Província de São Nicolau contava com 163 religiosos (39 sacerdotes, 43 estudantes seminaristas e 47 irmãos. A Província americana-canadense abrangia 99 religiosos (28 sacerdotes, 42 estudantes seminaristas e 22 irmãos. No Brasil havia 14 religiosos e na Romênia, 39. No todo, a Ordem Basiliana contava com 206 sacerdotes, 192 estudantes e 254 irmãos, num total de 652 religiosos. Num prazo de pouco mais que meio século, a Ordem cresceu numericamente quase dez vezes mais.

          O ano de 1939, com a instauração do regime comunista na Ucrânia, trouxe consigo novas provações da fé. Em Drohobytch, a NKVD martirizou os padres Joaquim Senkivskey, OSBM e Severiano Baranyk, OSBM. Foram eles as primeiras vítimas do novo regime na URSS. Do ano 1945 a 1950, o regime comunista liquidou todos os mosteiros das Províncias europeias e os religiosos foram levados às prisões ou exilados na Sibéria, outros mais foram assassinados ou dispersos. Somente para a Sibéria foram levados mais de 70 religiosos. Os religiosos basilianos não deixaram de exercer as suas atividades, e mesmo na ilegalidade eles continuaram a viver a sua vida religiosa e exercer as suas atividades, na medida em que as circunstâncias o permitiam. Ainda que devessem trabalhar nos diversos serviços e estivessem sob a constante vigilância dos agentes do governo, eles organizavam um noviciado clandestino, davam atendimento espiritual a religiosas e a muitos fiéis, aos quais ministravam os santos sacramentos. Os religiosos das províncias americanas puderam nesse tempo desenvolver um trabalho profícuo e dirigir obras valiosas, particularmente a Província Brasileira que teve um sensível crescimento, chegando a contar, no ano de 1989, com 126 membros, dos quais 57 sacerdotes. A Província do Santíssimo Salvador na Ucrânia contava, no ano de 1989, com apenas 91 religiosos, 50 dos quais sacerdotes.

          O ano de 1990 trouxe consigo a tão almejada liberdade e o renascimento da vida religiosa. Na Ucrânia teve início um processo de restituição e de renovação dos mosteiros, os quais durante esses 45 anos foram severamente danificados e quase todos eles convertidos em sanatórios, e os que estavam em melhor estado foram transformados em internatos.

          No decorrer uma década e meia, foi possível recuperar alguns mosteiros mais básicos e fundar novos: em Bar, em Pokotylivtsi nas cercanias de Kharkiv, em Lutsk, em Volodyryr Volenskiy, em Kiev, em Briukhovytsi, onde, desde o ano 2002, vigora o Instituto Basiliano, em Vilnius (Lituânia).

          Número de membros da Ordem Basiliana no ano de 2001: as 9 Províncias contavam com 616 membros (não contando os postulantes), assim distribuídos: Argentina (12), Brasil (125), Canadá (44), República Tcheca (16), Hungria (10), Polônia (24), Romênia (40), Eslováquia (15), Ucrânia (300), Estados Unidos da América (30). Número de sacerdotes: 289, irmãos estudantes 206, irmãos 121.

          Nas Igrejas Orientais Católicas existem ainda algumas Ordens que referem-se à tradição de São Basílio Magno: os Basilianos de Grottaferrata  nas cercanias de Roma, Itália (ítalo-gregos); Basilianos do Santíssimo Salvador, Basilianos de São João Batista, Basilianos Alpinos (esses três últimos pertencem à Igreja Melquita. Existe ainda a Congregação de São Basílio, do rito latino.